terça-feira, 10 de junho de 2014

A ciência também faz gol.

Amanhã, 12 de junho de 2014, será um grande dia. Menos pelo jogo de futebol e mais pelo que acontecerá antes dele: durante a cerimônia de abertura, uma pessoa paraplégica se erguirá de pé e dará um chute em uma bola. Não é mágica. O fato que ocorrerá diante dos olhos de milhões em todo o mundo é resultado de anos de estudos de cientistas de 23 países. À frente deles, um neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis. A parte robótica tem supervisão de Gordon Cheng, do Technical University, de Munique (Alemanha), e pesquisadores franceses foram os encarregados da construção da estrutura.
Exoesqueleto de Miguel Nicolelis. foto: Revista Brasileiros Online.

O exoesqueleto do Projeto Andar De Novo (Project Walk Again) do cientista funciona com um computador nas costas, que recebe dados de um EEG contínuo de 32 eletrodos (método não invasivo) e os repassa para as pernas, gerando o movimento. Apenas com a “força do pensamento”, o paciente consegue manter-se de pé e andar. Obviamente requer bastante treino para que o cérebro reconheça as novas pernas. Outra característica muito interessante da máquina do Projeto é o fato de possuir sensores nos pés ligados ao Sistema Nervoso Central que possibilitam que o paciente sinta novamente o chão sob si, algo que previamente lhe era impossível e ajudará na sua propiocepção no movimento da caminhada.


No vídeo a seguir, o próprio Nicolelis explica como funciona:


Miguel Nicolelis é brasileiro, tem 53 anos e há décadas estuda o cérebro. Além deste projeto revolucionário, outro notável experimento envolveu a tentativa - bem sucedida - de um macaco mover uma mão mecânica que estava a quilômetros de distância, também usando a força do pensar, através do EEG.

Miguel Nicolelis. Foto: link
Segundo a Revista Brasileiros Online [4], a quem o médico deu entrevista em março deste ano, "Miguel estudou Medicina na USP, onde fez doutorado, e depois foi para os Estados Unidos cursar pós-doutorado em Fisiologia e Biofísica, pela Hahnemann University, na Filadélfia, Pensilvânia. Desde 1994, ele está à frente do Duke’s Center for Neuroengineering, na Duke University, em Durham, Carolina do Norte, onde é professor de Neurociência. No laboratório americano, amplia experiências que desvendam os mistérios do cérebro. 
Além de todos esses créditos, ele possui uma visão apaixonada da promoção de investimento científico como agente de transformação social. Por isso, criou, em 2003, o Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra, que tem como um dos objetivos trazer de volta ao país cientistas brasileiros e também ter um ambiente favorável para a vinda de estrangeiros.” 

Um homem admirável! Formidável compatriota, digno de orgulho.


REFERÊNCIA





terça-feira, 3 de junho de 2014

Opinião: Ainda dá para inovar.


Houve uma época - séculos ou décadas atrás - em que era muito fácil ser um inventor, alguém com ideias inovadoras: quase nada daquilo que usamos em nosso cotidiano existia. O tempo passou e temos nomes consagrados por itens indispensáveis em nossa sociedade: a luz elétrica, o telefone, o carro e tantos outros; e tudo isso parece fazer cada um de nós, cada dia mais, pensar que já temos tudo que precisamos, que tudo já foi inventado. Eis que surge uma grande nova ideia e revoluciona tudo.

Exemplo? os smartphones. Eles mudaram o jeito de interagir das pessoas, derrubaram indústrias e levantaram outras e nos fizeram indagar, “como ninguém havia pensado naquilo antes? Eu poderia muito bem ter pensado nisso e estaria rico agora.”

Ontem (2), em evento realizado na Califórnia, executivos da Apple Computer, empresa de tecnologia dos EUA, anunciaram o lançamento de um novo aplicativo em seus produtos: Health (Saúde, em português). Uma ideia brilhante, visto que atualmente os smartphones têm se tornado extensão da vida pessoal e profissional de muitos. Alguém então, um dia, perguntou, “porque não transformar essa aproximação em algo bom para a saúde?” e então surgiu esta potencial revolução na forma como as pessoas cuidam de sua saúde.

O Health, que só será lançado no fim do ano, promete por em uma interface de fácil leitura todos os dados da saúde da pessoa, tais como freqüência cardíaca, calorias ganhas e perdidas no dia, glicemia, colesterol, qualidade do sono e outros, além de possuir uma seção especial para emergências, contendo o tipo sanguíneo, alergias e números rápidos, como o dos bombeiros.
Interface do futuro aplicativo Health, da Apple Computer, inc.

Pessoas que não atentam muito à própria saúde, passem a acompanhar melhor seu estado, tendo assim o aumento de diagnósticos em pacientes subdiagnosticados previamente. Por outro lado, entretanto,  nem tudo é perfeito. Pode haver quem pense em um grande aumento no número de superdiagnósticos em pessoas normais. Um pé atrás quanto a isso. A indústria da saúde agradece e não é à toa: o aplicativo (e obviamente a empresa) já tem contrato assinado e os pacientes com o serviço possuíram atendimento especializado em grandes clinicas norte-americanas, como a Mayo Clinic e o Hopkins.

Ninguém pensara nisso antes, mas alguém o fez e poderia ter sido eu ou você. Esta potencial revolução na forma com que as pessoas cuidam da saúde poderá, sim, trazer lucros à Apple, mas poderá também trazer uma melhoria na vida de muitas pessoas. 

Aproximando mais à nossa realidade brasileira e nordestina, penso que não necessariamente seja com um aplicativo ou com uma nova máquina ou com descoberta genética: podemos transformar as vidas dos pacientes que passam por nós, desde o começo da carreira acadêmica, com gestos e postura, pois a real prática da medicina está se perdendo - e este aplicativo pode ser prova disto inclusive. É isso que podemos mudar hoje.


Boas ideias nascem todo dia, cabe apenas a nós mesmos não matá-las antes que criem asas, afinal ainda dá pra inovar em quase tudo ao seu redor; pare para pensar. Soluções nascem da necessidade de resolução de problemas, nascem para preencher vazios. Não precisa ser uma revolução, basta fazer diferente e fazer melhor para que a vida de pelo menos alguém que passe por você seja melhor, mesmo que por um dia, apenas. Não precisa ser complicado, muito pelo contrário! Quantos problemas e vazios temos atualmente que podem ser renovados, concorda?