sexta-feira, 4 de julho de 2014

Fratura lombar: prognóstico


INTRODUÇÃO

O jogador Neymar Júnior teve de se despedir da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014™ de forma inesperada: após joelhada do adversário colombiano durante partida das quartas de finais da competição, o camisa 10 do Brasil fraturou o processo transverso da terceira vértebra lombar (L3).

ANATOMIA

A coluna vertebral é composta de quatro porções: cervical, torácica, lombar e sacral. Quanto à lombar, sabe-se que possui cinco vértebras e é a principal responsável pela sustentação do peso do corpo.

Uma vértebra lombar possui:
  • Corpo: a maior parte, central, sustenta maior parte do peso;
  • Lâminas (duas): protegem a medula no canal vertebral;
  • Pedículos: ligam o processo transverso ao corpo vertebral;
  • Processo espinhoso: parte medial e posterior;
  • Processo transverso: prolongamento (bi)lateral projetado ao ponto de união do pedículo à lâmina, fazem parte da movimentação da coluna;
  • Processos articulares: são quatro. Responsáveis pela articulação das vértebras.
Foto: link
PROGNÓSTICO

As fraturas de coluna lombar são pouco frequentes e, quando acontecem, ocorrem devido a trauma direto, como ocorreu com Neymar, ou devido a avulsão, uma força exagerada na contração muscular da coluna. Atualmente, o melhor exame diagnóstico é a tomografia computadorizada, que detecta as fraturas pós trauma lombar e permite ao profissional medico avaliar se o tratamento é cirúrgico ou conservador ou se o prognóstico é bom ou ruim.

Dói, mas não há tanto com que se preocupar: na maioria dos casos, o tratamento é conservador porque as lesões são estáveis, não apresentando maiores problemas às vitimas, porém, já que é necessária grande força cinética para causar esta, geralmente há outras lesões importantes associadas.

Como o processo transverso é importante na movimentação do indivíduo, um atleta fica incapacitado de atuar profissionalmente em caso de fratura desta estrutura: Neymar terá de ficar de quatro a seis semanas com uma cinta lombar redutora dos movimentos da coluna para controle da dor e dos movimentos.


REFERÊNCIAS

PEREIRA, C.U. SILVA JR. E. B. Fratura do processo transverso da vértebra lombar: valor prognóstico. Arq Bras Neurocir 31(3): 160-2. 2012. 

SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.


http://www.auladeanatomia.com/osteologia/caracteristicasgerais.htm

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/07/medico-da-selecao-explica-que-fratura-de-neymar-nao-necessita-de-cirurgia.html

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O goleiro dos EUA e a Síndrome de Tourette

O goleiro estadunidense Timothy "Tim" Howard deu adeus à Copa do Mundo FIFA™ Brasil 2014, juntamente com sua equipe, ao ser eliminado diante da Bélgica nas oitavas de final da competição. Entretanto o arqueiro fez história ao se tornar o goleiro com mais defesas feitas em um só jogo de Copa. Muitos não sabem, mas Howard sofre da síndrome de Tourette (ST), desordem neurológica rara e pouco estudada.

Goleiro Tim Howard durante jogo que eliminou a seleção de seu país da Copa do Mundo FIFA ™ Brasil 2014. 
A ST é um distúrbio neuropsiquiátrico de causa genética, caracterizado pela presença de tiques motores e vocais, podendo ser simples ou complexos [2]. Esses movimentos e fonações involuntárias podem ser exacerbadas por estresse, sendo normalmente reduzidas durante o sono e em algumas atividades que exijam concentração. 

Os tiques começam a aparecer por volta dos 5 anos de idade e o diagnóstico geralmente vem 5 anos depois [1] Em 90% dos casos, há remissão dos sintomas após os 20 anos. O diagnóstico é meramente clínico, baseado nos sinais, sintomas e história do paciente. Deve-se, entretanto, atentar para os diagnósticos diferenciais, inclusive por que 10% dos pacientes com tiques avaliados não possuíam ST [2]. Estudos de tomografias de emissão revelaram hipometabolismo e hipoperfusão em regiões do córtex frontal e temporal, no cíngulo, estriado e tálamo de pacientes com ST, o que pode explicar boa parte da apresentação clínica da síndrome. As hipóteses mais fortes apontam o sistema dopaminérgico como responsável pela patogênese.

No caso do goleiro Howard, seu diagnóstico se deu por volta de seus 10 anos e, segundo o mesmo, hoje é capaz de controlar os espasmos mais complexos. Ainda segundo ele, apesar de ser dentro do campo onde há mais exacerbações, provavelmente pelo fato da pressão e estresse do jogo, a ST nunca o atrapalhou durante as partidas de futebol porque está concentrado no jogo. [3]

A ST não tem cura, mas tem controle. É importante o acompanhamento psicológico aliado a uma terapia de reversão de hábitos [4], baseada no treino da percepção do próprio paciente sobre seus tiques para tentar controlá-los.

Howard atuando contra a Alemanha, durante a fase de grupos da Copa do Mundo de 2014.
REFERÊNCIAS

1. European clinical guidelines for Tourette Syndrome and other tic disorders. Part I: assessment. Eur Child Adolesc Psychiatry (2011) 20:155–171